quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Viagem ao maravilhoso Turkana (Parte 2)

O Lago Turkana, anteriormente conhecido por Lago Rudof, tem várias características que o tornam único: é o maior permanente lago desértico, o maior lago alcalino e o quarto maior lago salgado do mundo.
(E é lindo!)
As temperaturas elevadas, sendo frequente estarem acima dos 40ºC, os fortíssimos ventos constantes e o clima árido tornam a vida junto do lago um desafio para  a vida humana.
Contudo em Loiyangalani situa-se uma nascente de água doce, o lago tem toneladas de peixe e o gado continua a ter algum pasto para se alimentar.
Lutas com outras tribos e as politicas do governo queniano "obrigam" os Turkana a permanecer nesta improvável e dura região.

Na zona central do lago localiza-se um vulcão, ainda activo e que continua a emitir vapores. As suas margens estão infestadas de crocodilos e escorpiões e cobras escondem-se nas pedras da região.
Longe de ser assustador é sem dúvida uma região selvagem onde certos cuidados devem ser tomados (mesmo assim não consegui largar os chinelos e ainda dei umas braçadas no lago...:))

A região do Lago Turkana faz parte da lista da UNESCO e ainda é apontada por muitos antropologistas como o berço da humanidade.

(só estando no local me lembrei de um bom livro e a sua adaptação para cinema que é o "Fiel Jardineiro" sendo que parte do filme é passada nesta região:







O lago e seus pescadores


O nome do lago foi dado devido à tribo dominante daquela região: os Turkana.
Estes, sem dúvida uma das tribos mais coloridas de África, migraram desde o sul do Sudão e tornaram-se um grupo tribal emergente em meados do século dezanove devido ao seu forte sentido de identificação tribal.
Como os Masai e os Samburu (este últimos também habitantes da região), os Turkana são maioritariamente criadores de gado, embora nos últimos anos alguns se tenham tornado pescadores (o lago está mesmo ali...). São também conhecidos por serem criadores de camelos.

Os dias que se seguiram foram preenchidos com passeios por Loiyangalani, pelas margens do seu lago e pela vila e... com uma ida à igreja.
Era domingo e queria há muito assistir a uma missa em África, bem diferentes das que acontecem na Europa, estas muito coloridas e cheias de cânticos.
É comum a cerimónia por aqui demorar mais de três horas e foi o que aconteceu. Mesmo com o facto de não conseguir entender uma palavra (neste caso a missa foi dada em suaíli), os cânticos bem orquestrados com a ajuda de tambores tornaram o tempo muito agradável e até em certos momentos emocionante.
As tribos coloridas Turkana e Samburo misturavam-se dentro da igreja e enchiam-na de uma alegria contagiante.






 A missa (que pena as fotografias não terem som...)
Não é nada fácil passear tranquilo pela vila de Loyangalani, nem por nenhuma aldeia na região: centenas de miúdos e alguns graúdos correm literalmente atrás do Mzungo (branco/estrangeiro) pedindo uma fotografia, sempre com a esperança de serem recompensados com uma caneta, roupa ou dinheiro.

-"MONEY, MONEY, MONEY", pedem os miúdos mais pequenos.

Nem vale a pena levantar a objectiva da máquina fotográfica para nenhuma pessoa, mesmo que seja de uma forma discreta, pois todos os outros gritam "PHOTO, PHOTO!!!" e lá se vai o momento, sendo exigido logo o devido pagamento.


 Uma bonita funcionária da igreja a "forçar" o sorriso do filho para a fotografia


Pescador cortando o peixe do dia para ser pesado e vendido ao padre


Tenho-me habituado a fotografar pessoas (o meu tema preferido) e sempre de uma forma "honesta", nunca pagando, tentando criar sempre uma relação com a pessoa fotografada.
O meu simples mas eficaz método consiste em criar um ambiente descontraído que me permita tirar a máquina fotográfica e registar o momento, sem desconforto para a pessoa que fotografo.
Isso exige sempre muito tempo, paciência e muitas vezes, por mais que o tema seja apelativo, não são criadas essas condições e perde-se o momento.
A região de Turkana revelou-se o local mais desafiador para fotografar que encontrei até hoje. 
Pessoalmente não pago por nenhuma fotografia e todas as pessoas o esperavam. 

Como contornei isso aqui?!
Ser "convidado" do padre católico da aldeia e de uma ONG que construiu várias escolas na região ajudou. Essas aldeias tinham de ser visitadas pela ONG, com a companhia do padre e assim juntei-me ao grupo tendo a oportunidade perfeita para fotografar as aldeias e seus habitantes.

Antes, em Loiyangalani, enfrentei a população com um sorriso e fiz-me com coragem às ruas onde assim tentei registei a cor e a beleza do local. 


O centro da "cidade"


O campo de futebol


Para não falar do talho...




Cenas do quotidiano num local incrível


O cemitério













O que Loiyangalani tem de melhor


Habitante rezando num cenário de uma beleza extraordinária


E a Miss A. lá ficou a relaxar junto à piscina recuperando da desgastante jornada e a ganhar forças para as que se haviam de seguir. Ambos sabíamos que iam ser duras...

No final de cada dia havia sempre cerveja à espera e na piscina e os banhos nocturnos eram sempre obrigatórios para refrescar (neste caso para aquecer) a alma e o corpo. 

 Refeições sempre passadas à mesa com todo o grupo




 E no meio do deserto...havia A PISCINA
Há noite, dentro de água, sempre se iam pedindo desejos a cada estrela cadente que passava.

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