sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Memórias de um Natal em África #3

Depois de passada a noite algures entre a Menga e o nosso destino, Huambo, numa pensão de camionistas no mínimo "duvidosa" seguimos viagem para Sul.
Pouco depois estavamos no Huambo, antiga cidade de "Nova Lisboa".

Apesar de estar em fase de recuperação e em claro desenvolvimento apresenta ainda muitas marcas dos anos de guerra e suas consequências.

Contudo é das cidades que conheço em Angola mais agradáveis e que convida a que nos percamos pelas suas ruas e cafés.


Feridas antigas ou "tiro-ao-alvo"




Cicatrizes de guerra


Dias depois seguimos para Luanda via Lobito.


Passando no Balombo conversámos com gente local numa aldeia vizinha, trocámos sorrisos e continuámos caminho.






Gente de Balombo


Chegados à estrada principal que liga Lobito a Luanda continuámos a rolar até Luanda onde acabámos (quase) de chegar já tarde.


Deu ainda para conhecer dois ciclistas que vinham da África do Sul (???!!!!) e que seguiam também para Luanda. Haja vontade...






Assim se passou um Natal, diferente dos outros. Para o ano acho que vou querer mesmo estar à lareira com boa comida na mesa e com a casa cheia.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Memórias de um Natal em África #2

Estar preparado para tudo deveria implicar estar preparado para (mais) um furo, (mais uma vez) a mala lateral voar em pleno andamente, enfrenter a escuridão e o frio e ... CHUVA.

De repente, como tudo indicava pelo céu carregado a vir do Sul, vemo-nos no meio de uma tempestade, como um perfeito dilúvio e trovões, rebentando a algumas centenas de metros das nossas cabeças.

Depois da tentativa frustrada (e visto agora pouco inteligente) de encostarmos a mota na berma da estrada e tentarmos protegermo-nos da chuva junto a um casebre, já completamente ensopados (o algodão não engana...), enregelados e já com algum receio do que se iria passar, andámos uns bons km´s até que surgiu um ponto de luz que avistámos no meio da escuridão. Dirigimo-nos para lá.

Tinhamos chegado à "salvadora" vila da Mengue. A luz vinha dum jango à beira da estrada, cheio de pessoas da terra a "beber umas" enquanto se iam divertindo ao ver quem chegava, ensopado e a tremer de frio.



Lá dentro, fazendo um esforço em vão para nos secarmos e tentando fazer o nosso corpo chegar à sua temperatura normal, o grupo de locais ia rindo, trocando olhares e comentários.
Pouco depois a conversa começou a fluir e ali ficámos umas boas horas a ver a chuva cair forte do lado de fora.



"Fota-me aí "
O Sr. Mateus Kassoma, gerente do "estabelecimento comercial" onde vende o que dá jeito, desde rebuçados e bolachas maria até pacotes de whisky (telemóvel) e vinho tinto português contou-nos grande parte das suas recordações do tempo colonial e o que e como se passaram as coisas de seguida.
Tendo sido professor de História no Bié, hoje trabalhava ali num desses jangos que todas as vilas de Angola têm, dono de um qualquer General a viver em Luanda.
Ficou-me dessa noite um relato de um homem muito interessante que recordou outros tempos e opinou acerca do estado as coisas actualmente.

O chefe Mateus Kassoma orgulhoso do estabelecimento que gere na vila da Menga


(CONTINUA)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Memórias de um Natal em África #1

Este ano teve mesmo de ser e o Natal foi mesmo passado em Angola.

Não tendo o gosto dos outros natais este foi porém mais quente e mais sereno (pelo menos era essa a ideia, uma coisa calma, tranquila, onde tudo corresse bem). Claro que isso não tem piada nenhuma (digo eu) e vamos daí a dar uma volta por Angola.
Sempre em boas estradas não podia acontecer nada de mais... :)

No dia 24 seguimos até à Gabela, passando pelas Cachoeiras, 50 km antes da Gabela. Deviam estar uns 35ºC e deu para rodar descontraídos, gozando a paisagem.



Vista das Cachoeiras (jusante do rio)
Cachoeiras, em cima da ponte colonial já sem utilidade

A meio da tarde chegámos ao nosso destino onde passámos a véspera de Natal, acompanhados pela tradicional massa com ovo mexido e por vinho tinto (não fresquinho).
Batiam as 9:30 da noite e já dormiamos preparando-nos para o dia seguinte.
No dia seguinte fomos até à Conda, local a algumas dezenas de km´s a sul da Gabela, terra de feitiço (chamadas talas) e foi um dos passeios mais bonitos que já fiz. A estrada, toda em terra batida atravessa aldeias, paisagens vastas e montanhosas, antigas fazendas de produção de café, banana, campos de cultivo, rios.
Antiga fazenda de produção de café a caminho da Conda
Banana armazenada na fazenda "fantasma"
Travessia do rio "" no trajecto vindo da Gabela (também chamada Amboim)

Depois de uma volta rápida na vila da Conda regressámos novamente à Gabela para rumarmos ainda durante o dia para o Huambo.

Quem já viajou em África sabe que uma das regras básicas é não ter pressa e estar sempre preparado para tudo. Voltámos a desafiar essas regras e nada saiu como estavamos à espera para esse dia e nesse percurso.


G- "Comé, onde é que vais com a galinha?"
PUTO- "Vou dar à mamã. Cota, tira lá uma foto."
Condé, 35km a Este da Gabela

(continua)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Viagens à Gabela

Algumas imagens da Gabela:
















Mangas saborosas;
















Dona Fernanda e seus cozinhados;















Curvas "apetitosas".