Serviu de preparação ao que me aguarda em termos de dificuldades. Lá para o Sul, fiz-me aos caminhos e segui do Biópio até Benguela por um... trilho. Alguma areia, pedras e quedas depois estava a chegar a Benguela vindo de Norte sem passar pelo Lobito (?!).
Pelo caminho passei por pequenas aldeias, perdidas na imensidão da paisagens, esquecidas no tempo. Vi poucas pessoas. As que vi, cumprimentaram com um adeus o "estranho" que interrompia o silêncio de todo um espaço que parece não pertencer a este mundo, ao meu mundo.
"Sonhaste Voar, correr pelo negro escaldante, largar sorrisos e fotografar Vida. Sentires-te livre com o vento empoeirado.
Vive o teu Sonho, parte à Aventura e encontra o que há muito julgas ter perdido, preenche o Vazio que te entristeçe.
Não te esqueças nunca é que em casa, em tua casa, uma vela mantem-se acesa noite e dia. Uma voz canta baixinho directamente ao teu coração. Na tua casa que sempre te acompanha, que vive dentro de ti, ainda que nem sempre a sintas.
E quando ao chegar a noite, fechares os olhos ao fim de mais um dia de cansaço, quando vires a última estrela cadente, que sobre a tua cabeça vai riscando o céu, lembra-te de mim, lembra-te do meu cheiro.
Lembra-te da minha vela, que sem cessar, vela por ti, sempre junto ao teu coração.
Resta-me equipar a "montada" com alguns mimos e voilá... tenho mota para enfrentar o pó em Angola, o deserto da Namíbia, a selva do Congo, os buracos em Moçambique e tudo o que venha desta Aventura.
Com a vida profissional em stand-by e com algum (muito) tempo livre para me dedicar à coisa, estou a tentar dar forma à ideia de me "perder por aqui"...
As viagens começam assim. Primeiro sonha-se, depois vêem-se umas fotografias, abrem-se uns mapas, estudam-se soluções, preparam-se pormenores e ... damos por nós a embarcar num avião, arrancármos numa mota, num carro, algo que nos faça mover; fugir da rotina, procurar alguma coisa que ainda não encontrámos mas que sentimos dentro de nós.
Quem nunca Viajou não consegue entender. O momento em que entramos na Viagem, nos embrenhamos na aventura, no inesperado e passamos para o modo: absorver. Absorvemos tudo: imagens, cheiros, sons, estórias e outras tantas coisas.
Quero tanto voltar a Viajar.
Para mim esta viagem já começou. Uma viagem por África.