sábado, 15 de janeiro de 2011

Dar es Salaam ( "Céu de Paz")

 
Dar es Salaam significa "Céu de Paz" em suaili. A sua história é recente e só no final do século XIX é que ganhou relevância como porto marítimo, ponto de passagem de missionários cristãos rumo a Zanzibar e sede do governo colonial germânico. Até então Bagamoyo, uma cidade costeira mais a norte, era bastante mais desenvolvida que Dar.

Fiquei alojado numa modesta pensão no centro da cidade e depois de alguns dias a dormir na tenda soube-me bem o conforto de uma cama limpa e uns pequenos "mimos" como serviço de lavagem de roupa. Aproveitei o preço acessível da dormida (5 EUR) e deixei-me ficar ali durante uns dias antes de apanhar o barco para Zanzibar.
O centro da cidade desenrola-se ao longo de uma grande avenida marginal de onde se vê o enorme porto marítimo onde dezenas de barcos porta-contentores esperam a sua vez para descarregar. Mais para dentro  as ruas são estreitas e cheias de comércio onde vendedores de rua, pequenas lojas e restaurantes enchem esta parte da cidade de vida.
Tive alturas em que tudo me pareceu idêntico a uma qualquer cidade indiana: trânsito intenso, lixo nas ruas, "autocarros" apinhados de gente e...indianos. Toda a cidade, por onde andei, é dominada por indianos, desde o comércio, aos restaurantes e hotéis.

Vendedores de rua em pleno centro da cidade


Arquitectura colonial


A baía da cidade


A Catedral de  São José, um dos monumentos marcantes da cidade 
 
Porém, nem céu, nem paz encontrei e o melhor de Dar ficou foi uma ida ao mercado de peixe da cidade num fim-de-semana.
Centenas de pessoas negoceiam peixe e marisco, acabado de sair dos barcos, a poucos metros de distância e todo aquele frenesim de cores, gritos, com muito cheiro a peixe à mistura, faz daquele cenário um espectáculo a apreciar.
A maior parte do peixe ali vendido destina-se a revenda, deste modo são as próprias vendedoras (zungueiras) que ali vão fazer o negócio.
Em grandes mesas são entornadas as cestas cheias de peixe onde depois é leiloado o produto.

 

 

 O mercado do peixe
 
Enquanto este espectáculo decorre outros acontecem em simultâneo: os barcos chegam à zona de praia onde são descarregados por centenas de homens que esperam, o peixe é colocado em cestas de palha e transportado para dentro do mercado. Água, sumos e comida são vendidos a quem por lá passa. O marisco é trazido também e negociado à parte, o peixe comprado é mandado arranjar numa parte do marcado especifico para esse fim, existindo também um mercado para as suas entranhas. Todo este movimento com cenas curiosas como os pescadores a descansarem depois da pesca enquanto o "amolador" afia mais uma tesoura, o casal a comer um gelado no meio daquela confusão, enquanto o luxuoso barco passa cheio de turistas para Zanzibar, os gatos a apreciarem com água na boca todo aquele entra e sai de peixe, etc.   

 
 


 Imagens do "outro mercado"
 
Geralmente gosto de mercados locais. Aí, muito mais que nos monumentos ou museus que cada cidade tem para oferecer, posso estar em contacto com os habitantes locais onde por momentos vivo um pouco aquele mundo, o mundo deles, tão diferente e longe do meu. Esses momentos podem ser experiências marcantes para a nossa vida, ajudando o crescimento interior de cada um. Tento viajar com esse  fim.

Do outro lado da rua outro cenário incrível. Num grande espaço coberto, largas dezenas de grandes frigideiras estão ao fogo, fritando peixe e choco. Todo aquele ambiente de fumo e óleo, com um cheiro intenso e os sons da fritura parece saído da época medieval.
Depois de fritos, choco e peixe vêem-se a serem vendidos em qualquer rua da cidade.


 







Fritura de peixe e choco e sua venda nas ruas da cidade
 
Dias depois estava a embarcar para a legendária ilha de Zanzibar. Chegar aqui tinha sido um sonho de há muito e estar ali provou ser muito especial nesta viagem.
 

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