Desde a África do Sul que não via mar. A última vez que estive perto foi junto das geladas águas de Jeffreys-Bay, num dia em que o mar estava invulgarmente calmo, sem as suas famosas ondas.
Agora em Moçambique, iria ter a oportunidade de ver outro Mar, o Índico de águas quentes e claras, verdes e azuis, areia fina e branca.
Comecei por seguir em direcção à praia de Tofo, na província de Inhambane, algumas centenas de quilómetros a norte de Maputo.
Sempre que têm um fim-de-semana prolongado Maputenses e outros rumam a estas praias para aproveitar o que de melhor esta terra tem: o mar.
Saindo de Maputo o cenário muda. Como acontece em Angola, a pouca distância da capital, o país real começa a fazer-se sentir. Atravesso aldeias, pequenas vilas e seus mercados de beira de estrada, compro caju em Macia, passo em Xai-Xai (ainda sem ver mar) e chego algumas horas depois a Quissico. A cor das suas lagoas fizeram-me parar. Aquele sim, era o cenário perfeito para a viagem: boa estrada, rodeada de palmeiras e ao fundo o azul inacreditável das lagoas. O intenso cheiro a coco dava aroma ao cenário.
Agora em Moçambique, iria ter a oportunidade de ver outro Mar, o Índico de águas quentes e claras, verdes e azuis, areia fina e branca.
Comecei por seguir em direcção à praia de Tofo, na província de Inhambane, algumas centenas de quilómetros a norte de Maputo.
Sempre que têm um fim-de-semana prolongado Maputenses e outros rumam a estas praias para aproveitar o que de melhor esta terra tem: o mar.
Saindo de Maputo o cenário muda. Como acontece em Angola, a pouca distância da capital, o país real começa a fazer-se sentir. Atravesso aldeias, pequenas vilas e seus mercados de beira de estrada, compro caju em Macia, passo em Xai-Xai (ainda sem ver mar) e chego algumas horas depois a Quissico. A cor das suas lagoas fizeram-me parar. Aquele sim, era o cenário perfeito para a viagem: boa estrada, rodeada de palmeiras e ao fundo o azul inacreditável das lagoas. O intenso cheiro a coco dava aroma ao cenário.
(Quissico também é conhecido por ser a vila de onde saem as melhores timbila de Moçambique, um dos instrumento tradicionais deste país)
Andar de mota tem destas coisas: por vezes chove, faz frio e sentimo-nos pequenos na estrada, desprotegidos. Atingem-nos insectos de todos os tamanhos (alguns parecem pássaros), atingem-nos os próprios pássaros, morcegos e uma mão cheia de bichos voadores. Levamos com lama, fumo de escape e muito pó; pequenas pedras saltam a toda a hora do asfalto e água, gasolina e outras tantas coisas "entornadas" no asfalto quase nos fazem (ou fazem mesmo) cair; e cabras, porcos, bois, burros, cães e bicicletas, pequenas motas, carros, camiões e crianças, adultos e velhos arriscam atravessar o nosso caminho; doem-nos as costas, os pulsos, o rabo; o fato pesa, é apertado, é quente, é chato.
Tudo isto se esquece no momento em que se passa por Quissico ou qualquer outro sítio que nem aparece no mapa e se sente o cheiro de coco ou de terra molhada ou da brisa que vem do mar ou da manga madura que milhares de aldeias têm com sobra.
Tudo se esquece quando se conduz durante um final de tarde em África, com uma ligeira brisa de fim do dia, confundindo o nosso olhar com as cores da população e da Natureza. Tudo parece suspenso naquele momento. É quando me costumo levantar da mota, continuar a rolar, tentando fixar aquele momento em mim, para sempre. Nesses momentos tenho poucas dúvidas de que sou feliz.
Cheguei num desses momentos a Tofo. Depois, procurei estadia e montei a minha tenda na areia, na praia principal.
Já tinha algumas saudades de acampar. Mesmo abrigado pela vedação de um backpacking da vila estava na areia onde tive o prazer de acordar e logo de seguida ir lavar a cara ao mar, ao Índico. Foi a primeira vez que mergulhei neste Mar.
Tudo isto se esquece no momento em que se passa por Quissico ou qualquer outro sítio que nem aparece no mapa e se sente o cheiro de coco ou de terra molhada ou da brisa que vem do mar ou da manga madura que milhares de aldeias têm com sobra.
Tudo se esquece quando se conduz durante um final de tarde em África, com uma ligeira brisa de fim do dia, confundindo o nosso olhar com as cores da população e da Natureza. Tudo parece suspenso naquele momento. É quando me costumo levantar da mota, continuar a rolar, tentando fixar aquele momento em mim, para sempre. Nesses momentos tenho poucas dúvidas de que sou feliz.
Cheguei num desses momentos a Tofo. Depois, procurei estadia e montei a minha tenda na areia, na praia principal.
Já tinha algumas saudades de acampar. Mesmo abrigado pela vedação de um backpacking da vila estava na areia onde tive o prazer de acordar e logo de seguida ir lavar a cara ao mar, ao Índico. Foi a primeira vez que mergulhei neste Mar.
Deixei-me ficar algumas horas passeando no extenso areal, conversando com os pescadores locais e dando uns mergulhos naquelas quentes águas. Mais tarde ainda passei pela Praia da Barra, depois da tentativa frustrada (e desgastante) de ir à Praia de Tofinho, antes de rumar a norte. A estrada de areia até essa praia é "areia a mais para a minha camioneta" e com a carga toda torna-se impossível enfrentar os quilómetros de areia solta. Mais de meia tonelada em duas rodas é demais para aquele tipo de caminho e por diversas vezes só com ajuda de populares consegui continuar a rolar.
Cansado, mais pela hora passada na areia que pelas várias horas de asfalto que se seguiram, cheguei a Vilankulos, com vista para o Arquipélago de Bazaruto.
Antes ainda cruzei o Trópico de Capricórnio. Lembram-se daquela fotografia quando passei por este meridiano na Namíbia. Pois desta vez em vez de poeira e desolação das estradas de gravilha da Namíbia tinha as palmeiras e aldeias de Moçambique.
Antes ainda cruzei o Trópico de Capricórnio. Lembram-se daquela fotografia quando passei por este meridiano na Namíbia. Pois desta vez em vez de poeira e desolação das estradas de gravilha da Namíbia tinha as palmeiras e aldeias de Moçambique.
Passagem pelo Trópico de Capricórnio em Moçambique (Província de Quelimane)
Há alguns tempos atrás na Namíbia: contraste total de paisagens
Há alguns tempos atrás na Namíbia: contraste total de paisagens
Fiquei num pequeno backpacking onde acabei por conhecer o Alexandre e a Rita. Entre franceses, sul-africanos e ingleses eramos os únicos portugueses naquele local. Trocámos estórias e contactos, ficando de nos encontrar em Pemba ou na Ilha do Ibo, uns milhares de quilómetros para Norte. O nosso contacto não ficou por ali...
No dia seguinte estava num barco "tradicional" para um dia de visita a uma das ilhas do Arquipélago. Apesar do céu totalmente encoberto e de uma chuvada durante o trajecto todo o cenário era incrível: nem o sol parecia fazer falta.
Durante a travessia dezenas de locais apanhavam caranguejos aproveitando a maré baixa. Isto passa-se a várias milhas da costa o que transmite uma visão peculiar àquele cenário. Na ilha milhares de peixes, lagostas e caranguejos esperavam para serem observados, só observados visto ser esta uma reserva protegida. Equipado com óculos, tubo e barbatanas fiz-me ao mar para umas horas de snorkling. Depois o almoço, feito no barco, esperava porque mergulhar traz-me sempre fome.
Uma volta pelo interior da ilha revelou inúmeras aldeias. Visitei as que pude dado o tempo que tinha, brinquei com os miúdos, apreciei o material de construção das cubatas, bebi um trago de uma mistela local fermentada, cujo nome não recordo, lembrando-me apenas que me custou 5 meticais e da dificuldade que foi engolir aquele líquido esbranquiçado adoçicado.
Apresso-me pois os guias já esperam e não tenho vontade de passar a noite ao relento. Seguimos então em direcção à costa, desta vez à vela, aproveitando o vento do final da tarde. Por incrível que pareça o regresso, ao sabor do vento, foi mais rápido que a ida, usando o motor.
No dia seguinte esperavam-me quase quilómetros até Quelimane. Só me dou conta disso quando no dia anterior ao final da tarde simulo no GPS o trajecto. Nem eu nem as pessoas com que falo acreditam que vou conseguir cobrir aquele distância num dia. Em África, para o melhor e para o pior pouca coisa acontece como prevêmos. Ao contrário do que pensámos consegui fazer os 970km e "aterrar" em Quilamane no final do dia.
Depois de enfrentar o calor abrasador na província de Sofala, atravessar milhares de aldeias, tirar fotografias aos locais, atravessar o rio sobre o Zambeze, passar pela Gorongoza ao som de mais de uma dezena de álbuns de música, abastecer-me de gasolina na rua, comprar mel, beber água, muita água e mais água, comer bolachas e bolinhos e chamusas, apanhar uma multa por excesso de velocidade (quem anda a 60 numa estrada como aquela?!),cheguei finalmente a Quelimane no final da tarde onde um carro com amigos me esperava para quatro horas de estrada até ao Gurué.
Chegámos ao Gurué de madrugada onde tombei... na cama.
Estava na terra do chá. Nem sabia que Moçambique tinha chá. Fiz 1.350 quilómetros nesse dia. As coisas por aqui nunca acontecem como esperamos.
Tudo me vai correndo bem.
tenho acompanhado a tua odisseia. o meu marido como conhece bem Moçambique tem-se deliciado com as tuas descrições. Aproveita o que estás a fazer só se faz uma vez na vida. Lina
ResponderEliminarfantastico !
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