quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Dia 23-29: Luanda a Windhoek (1/2)

A partida foi feita em Viana, no estaleiro onde o Miguel trabalha. Tinha de ser mesmo ali. Nas últimas semanas toda a preparação da mota foi aí feita e tenho dúvidas se os primeiros 3000 kms até Windhoek teriam sido possíveis sem o enorme apoio do Miguel e da "sua oficina".
Montadas prontas, Km 0, partida!!!


Antes da partida ainda cheguei a ter 1 saco de plástico cheio de material que precisava de ter lugar na bagagem da mota pelo que tive de improvisar mais um espaçinho para caber tudo.
Além da ocupação do espaço também é necessário que tudo esteja bem acondicionado, bem apertado e bem protegido com cadeado. A arrumação da bagagem sofre diariamente alteração e melhoramento. Todos os dias, após a chegada a qualquer destino, depois de horas de condução, a tarefa de tirar malas, desempacotar roupa, etc, torna tudo muito cansativo. É tudo tão mais simples quando viajamos de mochila às costas.
Mas há poucas coisas que não têm solução e com alguma imaginação tudo coube, tudo se apertou um bocadinho mais e (quase) tudo chegou a Windhoek (esqueci-me do transformador do computador no Lubango)...

Paragem no Dondo onde estive no antigo hotel da cidade (da tia Deti)

Desta vez a viagem até ao Huambo aconteceu sem problemas de maior. No natal anterior tinha passado (e feito passar a Raquel) por alguns momentos encharcados e por uma noite mal dormida, mas nesta época a chuva ainda anda noutras bandas.

Edifício em ruínas em Quibala (Kuanza Sul)


Seguimos (eu e o Miguel) sempre a velocidades moderadas, sempre em asfalto e a desfrutar de paisagens bonitas.
Por mais que viaje em Angola e apesar de todas as dificuldades que existem (animais e pessoas a atravessarem a estrada, óleo, água, pedras, buracos, vidros, etc no asfalto isto é, se houver asfalto, falta de postos de serviço, falta de assistência, total inconsciência dos condutores, intenso tráfego de pesados,etc, etc) não consigo deixar de ter enorme prazer em conduzir por aquelas estradas. Há sempre o olhar e o sorriso das pessoas por quem passamos, o adeus dos putos, o olhar de espanto dos mais velhos, sempre uma entre-ajuda de quem circula nas províncias, sempre um sentimento de aventura associado a qualquer destino.

Palavras para quê?!


Chegados ao Huambo no final da tarde estava à nossa espera um colega do Miguel que nos cedeu a casa para pernoitarmos e nos levou a jantar. A cidade estava em festa. No dia seguinte realizavam-se as corridas do Huambo e, devido ao fim de semana prolongado, muita gente de Luanda tinha descido até lá. Restaurantes, hotéis, tudo estava cheio.
Acabou por ser muito agradável a estadia e depois de um bom pequeno almoço rumámos a Benguela, via Caala.

Das coisas que mais me surpreende em Angola é a rapidez com que as estradas foram feitas e os acessos melhorados. Tudo se passou no espaço de 4/5 anos. Esta estrada, por exemplo, bem como o caminho de ferro ainda em construção, foi rapidamente executada (falta um ligeiro troço perto da Ganda), demorando agora pouco mais de 4 horas para chegar a Benguela, quando há 4 anos se chegava a demorar 20 horas!!?
O que se vê em alguns troços, é uma "auto-estrada" de asfalto novo em locais onde antes existia um "caminho de cabras". Aldeias são agora separadas por estas vias onde passam carros a alta velocidade. O modo de vida de grande parte da população dessas zonas, porém, pouco deve ter sido alterado.

Queríamos acampar na praia da Caotinha em Benguela, uma das praias mais bonitas que conheço em Angola. O plano era esse. Chegados à praia no final do dia um grupo de gente boa (Cascas e companhia) acolheram-nos na sua casa num final de sábado perfeito: casa em frente ao mar, boa música, cerveja fresca, umas amêijoas frescas apanhadas ali à frente e boa companhia.
Bem cedo despedi-me do Cascas e do Miguel que seguiu para Luanda (trabalho a quanto obrigas...) e segui para o Namibe, via Lucira.

Acordar assim na Caotinha...


Deixei naquele momento de viajar acompanhado e começou ali a minha viagem solitária. Sem dúvida que gostaria de ter seguido com o Miguel, de ter uma companhia, um amigo com quem contar, alguém para partilhar toda esta viagem, um cúmplice... mas fazer o quê?! Siga a viagem, então.

As próximas 10 horas seriam bastante duras até chegar à cidade do Namibe, passando das agradáveis e quentes praias de Benguela até ao início do mais antigo deserto do Mundo, o Deserto do Namibe (http://pt.wikipedia.org/wiki/Deserto_do_Namibe).

1 comentário:

  1. gostei daquele edificio em ruinas (quibala) onde eu vivi em crianca, ruinas de uma guerra. hoje tenho 44 a. e gostava de fazer uma viagem tambem como voces por toda africa? sou motarde e tambem camionista internacional, boas fotos e uma grande aventura, abraco da parte de antonio liz.

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