sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Togo

A partir do século XIV, povos provenientes da Nigéria colonizaram o actual território do Togo.
Seguiram-se outras tribos que migraram de regiões hoje ocupadas por Gana e Costa do Marfim e durante o século XVIII, foram os dinamarqueses que exploraram a costa do Togo para o comércio de escravos.

No final do século XIX chegaram os missionários alemães e assinaram um acordo com os chefes da região, ficando com o controlo da costa. Só depois da sua derrota na Primeira Guerra Mundial a Liga das Nações retirou o território à Alemanha e dividiu o Togo entre o Reino Unido e a França.
Porém, dez anos depois, a porção britânica foi incorporada ao território do actual Gana, enquanto os territórios franceses se transformaram na República Autónoma de Togo.

Em 1960, finalmente o país conquistou a sua independência.

Quanto a mim, entrei no Togo e logo rumei a Lóme, a sua capital.
A primeira vez que ouvi falar do Togo, um pequeno país na costa oeste africana, foi aquando do atentado ao autocarro da equipa de futebol durante o campeonato africano das Nações (CAN) de futebol, realizado em Angola à pouco mais de um ano e meio.
Mesmo nessa altura, em Angola, pouco se falou sobre o atentado e depois de iniciado o campeonato, em que o Togo acabou por não participar, pouco ou nada se falou daquele país.
Do Togo, como a maioria das pessoas, quase nada tinha ouvido falar e assim não tinha grandes expectativas quando entrei naquele país.

O facto de ter pouca certeza em relação à possibilidade de entrar no Gana, o país seguinte previsto na minha rota, por não ter visto, fez-me ir imediatamente à embaixada daquele país em Lóme e saber se ali o poderia tirar.
Se me fosse recusado o visto teria de alterar os meus planos e rumar a norte, atravessando o Togo, em direcção ao Burkina Faso.

A minha rota estava assim dependente dessa possibilidade e ainda de fato vestido e Miss carregada fui até à embaixada do Gana. Pouco depois tinha a resposta negativa acerca da possibilidade de ali tirar o visto pois só os residentes no Togo o podem fazer.
A minha cabeça em "modo viagem" habitou-se a não aceitar uma recusa e tento sempre contornar as coisas pois a experiência diz-me que quase tudo é possível em África. Tudo pode ser conseguido com dinheiro, imaginação e paciência.

Confesso que naquele momento crescia em mim a vontade de entrar no Gana pois sabia que tinha amigos em Accra e depois de me terem recusado o visto na embaixada pensei em alternativas que evitassem seguir directamente para o Burkina Faso.
Iria no dia seguinte até à fronteira, a um par de quilómetros de centro da cidade e lá tentaria "arranjar solução".

Depois de me alojar num "B&B" no centro fui até ao grande mercado da cidade, um dos melhores locais para se "sentir" Lóme.
Junto da catedral católica, Le Grand Marché, atrai um mar de pessoas, entre compradores, vendedores, lojistas e "taxis-boys".
Ali se estende um verdadeiro festival de cores diante dos nossos olhos e não é difícil perdermo-nos nele, debaixo de um sol abrasador.
A secção de venda de tecidos foi a que mais me chamou a atenção. Ali, nessas tendas, as mulheres vendem esse maravilhosos panos de cores variadas e centenas de padrões.

Depois de uma volta grande, coberto de suor, parei um pouco e refresquei-me com uns sacos de água fresca (substituem as garrafas de plástico nesta região) antes de continuar a minha caminhada pelo areal da praia da cidade.













Le Grand Marché, Lóme








Praia de Lóme


No dia seguinte, bem cedo, fui à fronteira e pedi gentilmente para falar com o responsável do gabinete de migração do Gana, depois de ter recusado entregar o passaporte para as autoridades do Togo me colocarem o carimbo de saída do país.
Não sabia o que iria acontecer e, lembrando a minha experiência em Angola quando me colocaram o carimbo de saída do país para logo a seguir as autoridades da RDC me recusarem entrar, preferi não arriscar.
Pedi assim para falar com o responsável da migração, gritando para me fazer ouvir, tal era o barulho e confusão típicos de uma fronteira principal entre dois países em África.
O guarda de serviço disse-me que me conseguia o visto de urgência mas que me ia sair "muito caro".
Tremi e perguntei quanto seria muito caro.

"150 USD", respondeu o guarda.

"Quanto tempo me dão no Gana com um visto deste tipo?"- perguntei.

"Duas semanas no máximo mas podes sempre comprar mais uns dias oferecendo uma lembrança ao meu chefe.", explicou o guarda com um sorriso.


Nada mau, pensei. Apesar do visto ser caro, tenho vontade de conhecer o Gana. Tenho uns contactos em Accra (pessoal porreiro, disseram-me), e estou mesmo a precisar de descansar um pouco entre amigos.
Que se lixem os dólares, siga para o Gana então.
Decidi assim sair do Togo um dia depois de entrar no país vindo do Benin.

Como disse, estava cansado de viajar, cansado de falar outras línguas, de escolher hotéis e procurar restaurantes. Estava enjoado de comer na rua, fazendo contas às espetadas de carne que comia para não estragar a média dos 2 USD por refeição, cansado da poeira dos camiões, dos bloqueios da polícia e, principalmente, de estar sozinho.

Foi assim uma opção natural e o mais difícil mesmo foi deixarem-me entrar.
Oito horas depois de ter falado com o primeiro guarda da migração, o que me pediu os 150 USD, ainda estava na fronteira, sem ter a certeza de poder vir a entrar naquele país.
Enquanto isso, a cerca de duzentos quilómetros de distância, em Accra, capital do Gana, já um grupo de "maduros" portugueses esperava por mim.   


Preso entre dois países: Togo e Gana


3 comentários:

  1. "Enquanto isso, a cerca de duzentos quilómetros de distância, em Accra, capital do Gana, já um grupo de "maduros" portugueses esperava por mim."

    Agora vem a melhor parte!
    Abraço
    Camacho

    ResponderEliminar
  2. Fantastico o seu Blog!!
    Estou sonhando com uma viagem para a parte oeste da Africa e com certeza vai me ajudar!!

    Abraco do Brasil,
    Guilherme

    ResponderEliminar
  3. Guilerme preciso ir até togo como deve fazer para ir lá.

    ResponderEliminar